Jerónimo Bragança / Nóbrega e Sousa
*
Mar de mágoas sem marés
Onde não há sinal de qualquer porto
De lés-a-lés o céu é cor de cinza
E o mundo desconforto
No quadrante deste mar que vai rasgando
No horizonte sempre iguais à minha frente
Há um sonho agonizando,
Lentamente, tristemente
*
Refrão
*
Mãos e braços para quê,
E para quê os meus cinco sentidos?
Se a gente não se abraça e não se vê,
Ambos perdidos.
Nau da vida que me leva
Naufragando em mar de treva,
Com meus sonhos de menina,
Triste sina
*
Pelas rochas se quebrou
E se perdeu a onda deste sonho
Depois ficou uma franja de espuma
A desfazer-se em bruma.
No meu jeito de sorrir ficou vincada
A tristeza de por ti não ser beijada
Meu senhor de todo o sempre
Sendo tudo, não és nada.