Armando Vieira Pinto
Alfredo Marceneiro
(Fado Cravo)
*
Que destino ou maldição
Manda em nós, meu coração,
Um do outro assim perdidos
Somos dois gritos calados
Dois fados desencontrados
Dois amantes desunidos
*
Por ti sofro e vou morrendo
Não te encontro, nem te entendo
Amo e odeio sem razão
Coração quando te cansas
Das nossas mortas esperanças
Quando paras coração
*
Nesta luta, esta agonia
Canto e choro de alegria
Sou feliz e desgraçada
Que sina a tua meu peito
Que nunca estás satisfeito
Que dás tudo e não tens nada
*
Ah gelada solidão
Que tu me dás coração
Não é vida, nem é morte
É lucidez, desatino
De ler no próprio destino
Sem poder mudar-lhe a sorte