Luis de Camões / Alain Oulman
Memória do meu bem, cortado em flores, 
Por ordem de meus tristes e maus fados 
Deixai-me descansar com meus cuidados 
Nesta inquietação dos meus amores
Basta-me o mal presente, e os temores 
Dos sucessos que espero infortunados 
Sem que venham, de novo, bens passados 
Afrontar meu repouso com suas dores 
Perdi numa hora tudo quanto em termos 
Tão vagarosos e largos, alcancei; 
Deixai-me, pois lembranças desta glória 
Cumpre-se e acaba a vida nestes ermos 
Porque neles com meu mal acabarei 
Mil vidas não, uma só - dura memória!...